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31 de ago. de 2008

Filmes, download e inercia.

Yo!

Agora, eu pretendo escrever mesmo.

 

Depois do primeiro post, tudo o que vier nao tem mais nenhuma regra. Nao preciso falar de motivacoes, e isso eh otimo!

Vou aproveitar pra falar sobre roteiros. Eh provavelmente o assunto que eu mais estudo ultimamente (junto de fotografia, outra nova paixao). Mas o ruim disso eh que eh praticamente impossivel encontrar alguem com quem conversar decentemente sobre o assunto.

Nao me levem a mal. Nao eh que eu ache que nao existem outras pessoas com conhecimento do assunto e que estejam disponiveis pra bater um papo. Mas que simplesmente, mesmo entre os mais afixionados, as pessoas veem roteiros de outras formas.

Claro, nao existe um certo e errado, quer dizer, dentro do limite do bom senso. Mas conversar de roteiro e ter que explicar quem eh Syd Field ou explicar como eu entendo a metodologia de cada historia pra poder comecar uma conversa... simplesmente me deixa menos motivado.

Por exemplo, nivelando por baixo. Com o advento dos downloads super-rapidos, cresceu imensamente o numero de piratas virtuais. E assim, cresceu exponencialmente o numero de pessoas que assistem todos os filmes que saem por ai. Porem, repararam que muita gente fica na inercia? Assistindo por assistir, baixou por baixar, soh pra passar o tempo?

Entao, num papo com um leigo qualquer, alguem como eu descrevi acima, o que voce costuma ter?

-Veio, voce viu aquele filme... Aquele da Angelina Jolie... Gostei, eh bem violento, tem umas coisas forcadas, mas ainda assim eh muito legal. Baixa lah!

Bem, eu tenho assistido pouquissimos filmes. Falta de paciencia, de tempo, vontade, sei lah. O ultimo filme que eu assisti foi Big Fish. Melhor, foi Gake no Ue no Ponyo, no cinema, depois de sei lah quanto tempo da ultima vez que eu fui. Acho que foi ateh na epoca do Howl no Ugoku Shiro, tambem do Miyazaki.

Voltando, como voce vai fazer esse papo evoluir? Bem violento, forcado... Provavelmente, se voce falar que o original eh quadrinho, do Mark Millar, que ele tem uma bibliografia de materiais do mesmo gabarito, jah deixa os leigos pra tras. Imagina se voce for entrar em detalhes do roteiro? E da direcao?

-Po, mas e o desenvolvimento do personagem? Quantas reviravoltas ele usou? O climax empolga? Qual o papel dos coadjuvantes? Em que ato ele dah mais enfase? Qual o nivel das construcoes de dialogos? Como estah o ritmo? O tempo? A interpretacao dos atores, o controle das cenas, a fotografia?

-Ah, tah massa, baixa lah, acho que voce vai gostar.

Ok. Mas eu espero pra ver Wanted o dia em que eu tiver tempo. Provavelmente, jah poderei alugar, provavelmente nem vai mais estar na prateleira de lancamentos.

Realmente, onde foram parar os papos empolgados? Antigamente, mesmo entre leigos, voce tinha papos muito mais trabalhados. Sempre tinha algum imitando alguma frase de efeito, alguma pose, alguma piada. A cada filme que voce via, voce mergulhava. Serao os filmes que estao mais fracos? Nem tanto.

Acho que agora que a maior parte do pessoal estah mais ocupada baixando e assistindo mais e mais, esqueceu-se o tempo de degustacao, os minutos ou horas em que voce fica pensando no filme depois. As pessoas assistem os filmes como se catalogassem. Soh se lembram de coisas basicas. Violento, Angelina Jolie, meio forcado... ok.

Vou dizer... Como escritor, por pretensao, eu costumo pensar bem no que o filme pode ser e no que ele pode me dar. Claro, ler sinopses bestas, como por exemplo "Num mundo futurista, um jovem precisa lutar para sobreviver...", isso nem dha vontade! Quando a base de uma historia estah em seu cenario, tem algo de muito errado.

Vejo muito isso em descricoes de "novas historias" de fanzineiros. Em geral, falam... -To escrevendo uma historia, ela tem um moleque chamado Tanaka, que eh o ultimo guerreiro de um mundo magico. Ah, e ele eh um shinigami (tah na moda) e tem que enfrentar uns monstros...

Qual o erro nisso? Ao ler, eu soh vejo um monte de ideias dispersas. Esse eh o erro. Qual a direcao do roteiro? O que vai ser o guia da historia? O que voce pretende usar pra puxar o leitor?

Como exemplo contrario, eu dou a historia do Carlos Sneak Guardian. Quando nos conhecemos, no periodo em que estive em Sao Paulo, o Carlos apresentou sua historia, Giant Slayer. Sinceramente, se ele soh tivesse dado o cenario, eu teria achado qualquer coisa. O importante na descricao que o Carlos deu foi indicar um caminho pra historia. Reegam, o protagonista, tinha uma motivacao, tinha uma missao, era alguem e todo leitor saberia facilmente o que esperar de suas historias. Ele eh um cacador de gigantes halfling. Praticamente um anao contra gigantes. Ele tem suas fraquezas obvias. Mas tambem tem suas chances de reviravoltas. Sua breve descricao jah enche a mente de ideias pra historias. Entao, o Carlos nao precisou dar nenhuma historia. Nem precisou entrar em detalhes sobre o cenario. Simplesmente, jah tinhamos tudo que precisavamos saber!

Eh a possibilidades de historias que atrai um leitor. E a possibilidade de historia soh acontece quando temos um personagem central, um guia da historia. O cenario eh o de menos, uma boa historia funciona em praticamente qualquer cenario.

Essa eh do Tezuka, deus do manga. Ele era considerado o deus do manga por causa de sua criatividade e sua capacidade de criar historias. Claro, ele era sobre-humano nesse quesito, mas mesmo ele tinha limites. Entao, de onde saiam ideias para mais de cinco historias simultaneas?

Ele reciclava. Por exemplo, pegue uma historia do Atom (o Astroboy, no ocidente) e troque o cenario e o personagem, por, por exemplo, Kimba, o leao branco. Sao cenarios diferentes, personagens diferentes, na MESMA IDEIA. Eh claro que a historia vai mudar. Kimba e Atom sao personagens diferentes, seus coadjuvantes sao outros, seu cenario muda, suas decisoes mudam.

Tezuka dizia que podia criar mais de quinhentas historias a partir de uma unica ideia. E ninguem duvidava, ele eh um dos autores que mais produziu no Japao e provavelmente o que mais produziu em menos tempo. Afinal, nao eh todo mundo que mantem cinco titulos simultaneos.

Bem, o assunto saiu pela tangente, mudei um pouco, mas... Eh bem esse o espirito, nao tenho assunto certo, vou tagarelando!

Mas na proxima eu tomo um pouco de cuidado (deve ser a hora, nao dormi nada)

2 comentários:

  1. A concepção de pegar um tema e apresentá-lo sob um aspecto diferente é bem antiga, e existiu sempre na literatura ou em outras concepções de comunicação. As pessoas ficam tão preocupadas em fazer "algo novo" que, na maior parte do tempo não percebem o que está no cerne da questão: um tema que é clássico, e muitas vezes, universal.
    Agatha Cristhie, fazia o mesmo. Uma vez ela chegou a comentar que escreveu o mesmo livro, a vida inteira. Foi uma lição muito interessante e é sempre um grande exercício de observação dissecar uma obra, indo além do fator "ver para passar o tempo". Quando se faz isso, ela cumpre sua função vital, passar uma mensagem, não importa qual.

    Abraço!
    Montserrat ^___^

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  2. Engraçado que eu e a Mont estávamos conversando sobre isso mesmo há alguns dias atrás.

    Histórias sempre serão contadas, as repetições sempre acontecerão , o que difere é o modo como você conta ela.

    Fabio , muito obrigado por me desconsiderar de suas conversas ! heheheheheheh

    Zueiras à parte , dava sempre gosto conversar contigo. Não tenho tempo para me dedicar ao que eu mais curto , que é realmente roteiro , mas sei que poderei um dia desses discordando de você em algum ponto . O que é emocionante :)

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