Yo!
Tóquio vive dias bizarros, desde que o Governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, decidiu que os mangás e animes devem ser controlados, para não fomentar a pedofilia ou a imagem da pedofilia ligada à cultura japonesa. Mas isso criou um dos assuntos mais polêmicos na esfera do mangá nesse ano.
Pra começar, autores consagrados se uniram contra a proposta de lei. Encabeçados por Tetsuya Chiba, autor de Ashita no Joe, os mangakás fizeram uma coletiva de imprensa se colocando contra uma lei que seria um pontapé inicial para leis de censura. Eu comentei isso aqui.
Isso aconteceu em março desse ano e de lá pra cá, vinha criando desafetos na indústria, pouco a pouco. No inicio de dezembro, alguns autores começaram a falar no Twitter sobre o assunto. O governador Ishihara deu um tiro contra os mangakás, quando declarou que “suas opiniões não valem nada”.
E hoje, durante a noite no Japão, a Associação das 10 Editoras de Mangá do Japão, que discute os temas pertinentes ao mercado geral, declarou que vai fazer boicote contra o Tokyo Anime Fair, um grande evento de anime realizado desde 2002 pelo Governo de Tóquio.
A lei, que valeria apenas em Tóquio, por enquanto, pode não parecer perigosa de início, mas ela abriria precedentes que poderiam disseminar a censura no país. E logo de cara, já pegaria todas as editoras, que têm sede em Tóquio, a maioria no mesmo bairro. E isso traria limitações terríveis, principalmente às menores editoras, como as do Grupo Kadokawa Shoten, que vivem de material Moe e similares, o principal alvo do Governador.
Não fosse o caráter discriminador do projeto, a lei parece até sensata. Mas a base jurídica japonesa já tem citações à pedofilia e outros crimes, de uma forma mais geral, que ainda abre essa janela que os autores usam pra criar seus mangás, que gostem ou não, vendem e servem um público muito grande.
O que mais espanta é um governador como Ishihara levantar essa bandeira.
Shintaro Ishihara é formado em Ciências Sociais, pela Universidade Ichibashi. Ainda na Faculdade, escreveu seu primeiro livro, Taiyou no Kisetsu (Season of the Sun, na versão em inglês), ganhador do maior prêmio de literatura japonesa, o Akutagawa Shou. O Governador é hoje, um dos juizes do prêmio, em reconhecimento ao seu trabalho como escritor.
Ele ainda escreveu o polêmico “NO to ieru Nihonjin” (O japonês que diz NO), sobre a relação Japão-Estados Unidos, e o premiado e campeão de vendas “Otouto” (Irmão mais novo), sobre seu irmão mais novo o ídolo de uma geração, Yujiro Ishihara.
Yujiro foi um rebelde. Galanteador, gostava de carros esportivos, tocava bateria, bebia uisque, não fugia de uma briga. Foi ator e cantor, com sucesso em ambos. No Japão, é comparado à Elvis Presley ou à James Dean. Fundou uma produtora de cinema, que fez grandes clássicos do cinema de macho do Japão, com policiais, detetives, samurais, gente que atira primeiro. Morreu em 1987, com câncer.
O Governador de Tóquio ainda foi um dos grandes disseminadores da cultura pop japonesa, diversas vezes alimentando o mercado de games, animes e, claro, mangá, chegando a falar, durante a Crise Econômica que essa indústria iria salvar o país.
Ele foi o idealizador do Projeto Green Tokyo, aquele que colocou um modelo de tamanho real do Gundam original no parque Shiokaze, em Odaiba e também foi quem escolheu Atom, o Astroboy, como garoto propaganda da campanha de Tóquio como sede das Olimpiadas, que acabaram indo pro Brasil, que usou o Lula como garoto propaganda (tsc).
Vamos acompanhar pra ver no que vai dar.
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Aproveito pra retomar o blog, aos poucos. Obrigado pra todos que continuam acompanhando!
Valeu Fabio
ResponderExcluirSe teria alguma dica para criar speed lines
Brigadão
Lula é muito influente em outros países,pena que alguns brasileiros cospem no prato e não lhe dão o devido valor que merece,infelizmente.
ResponderExcluirhã?
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