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10 de out. de 2009

Projeto – Motikomi. Antes de comecar…

02Yo!

E estou aqui de novo, tentando fazer uma serie de posts. Mas dessa vez eh importante!

To decidido a voltar pro Brasil – DE VEZ – e por isso, antes de sair do Japao – DE VEZ – eu pretendo fazer uma ultima tentativa.

Quem me conhece de outros carnavais… bem, de uns dez carnavais atras… sabe que eu vim pro Japao tentar os concursos de manga que tem por aqui. Ou melhor, pra tentar entrar pro seleto grupo da Shonen Jump.

 

Vamos deixar pra lah as minhas frustradas tentativas e levar em conta as experiencias e conhecimentos que eu adquiri, buscando melhorar como quadrinhista. E isso foi muito importante! Porque eu aprendi coisas aqui no Japao que nunca – eu disse nunca – aprenderia no Brasil. Simplesmente por que NAO EXISTE ISSO NO BRASIL. Por que nao existe ensino tecnico de quadrinhos DE VERDADE. Nao existem mestres DE VERDADE que deixaram algum legado qualquer que seja para os jovens autores.

tezuka_1 Antes que os alunos da ABRA, Impacto, etc, venham com pedras, eu digo: voces fazem curso de quadrinho AMERICANO. E aprendem a ser ilustradores. E mestres, claro, existem autores otimos no Brasil, mas existe alguem com uma bagagem de um Will Eisner? Do Joe Kubert? Do Osamu Tezuka? Do Fujiko Fujiyo A? (me desculpo se jah existem pessoas lecionando com essa base. Na minha epoca nao tinha)

E tambem, existe sequer o interesse dos autores em aprender sobre roteiro e direcao? Existe interesse do publico em ler historias boas, nao pra dizer “eu li”, mas pra ter uns bons momentos de diversao?

Eu entro com essa duvida, porque quando eu estive no Brasil, tive a oportunidade de participar dos dois maiores eventos de anime e manga do pais, o Anime Friends e o Animecon (e agradeco isso ao Junior, editor da Neo Tokyo pra quem eu escrevia na epoca), sendo que o segundo, contava com um curso de quadrinhos ministrado pelo Daniel HdR, que eh um otimo artista, com quem eu jah tive bons papos. Tambem teria um outro sobre roteiro, com a Elza Keiko, editora da Panini (ainda eh? to muito desinformado…). Iniciativas otimas, que nao tinha no tempo que eu tava no Brasil.

I__m_a_GiantSlayer_01_by_Sneakguardian Mas o lance eh que os cursos estavam vazios! Com tanta gente nos stands de fanzines e ninguem se interessando em aprender mais com gente que sabe? Eu fui no do Daniel e pareceu muito legal (nao vi inteiro) e tenho certeza que o pessoal que assistiu levou alguma coisa pra casa. E os fanzineiros, lah, sinceramente… quase nenhum era interessante! (nao posso reclamar muito, foi lah que eu conheci o Carlos, que se tornou depois capista da NT)

Claro, tem muita gente que estah nessa soh por diversao, faz o fanzine mais pra participar do evento, pra conhecer e zuar junto com o pessoal. Nao eh pra esses que eu direciono meu discurso. Eh sim para aqueles que querem com isso se estabelecer como PROFISSIONAIS.

Eu mesmo nao sou, claro.

Mas nao eh nos fechando em casulos que vamos mudar. Nao eh com preguica que vamos melhorar e nao eh sem conhecimento que os quadrinhos brasileiros vao encontrar uma identidade.

Isso mesmo. Identidade. Nao fazer manga brasileiro, nem fazer super heroi, nem fummeti brasileiro. Nem Heavy Metal Brasil. Eh fazer quadrinho pro Brasil, nao soh em temas e personagens brasileiros, mas numa linguagem e numa narrativa que funcione para o publico brasileiro EM GERAL, nao soh os familiarizados com os quadrinhos.

442px-Moon_Knight_Head De que adianta a gente fazer quadrinhos imitando alguem? Pra que fazer copias do Batman se o Batman JAH ESTAH NAS BANCAS? Pra que fazer copia de Bleach, se… hm… ele jah tah no torrent (oras, isso eh realismo, nao eh apologia)?

Verdade seja dita. Nos podemos achar o do vizinho melhor do que o nosso, mas nos sempre sabemos que o nosso eh o que nos satisfaz melhor. Os americanos tomaram na tarraqueta deles quando tentaram imitar os japoneses, com “mangas” pra cah, “mangas” pra lah, mas sem saber ao certo o que eh que o manga tem. Fizeram copia de terceira, perderam pro original, claro, nada mais justo. Mas ai, eles voltaram pro cafe aguado com hamburguer engordurado deles e descobriram o que nunca mudou. Boas historias de herois ainda tem seu publico, e eles nao precisam imitar o traco dos mangas!

08-01-17_money8 Mas pra gente, no Brasil, falta alguma coisa. Falta MUITA coisa. Porque nao temos um mercado solido de material autoral. Nao temos artistas ganhando o que eh justo, pra poderem viver disso e se dizerem profissionais de verdade. Profissionais dos quadrinhos.

E, justica feita, nao temos tambem pensamento profissional nos autores. E pensamento profissional nao eh o de fazer um desenho bem bonitao, supimpao… Mas o de satisfazer clientes, os leitores, com boas historias do que eles querem, ou do que eles ainda nao sabem que querem, mas vao querer. Do que adianta ser um genio sem publico? Eh como um livro com cadeado, fechado pra que ninguem conheca.

O que eh o pensamento profissional? Eh o de mostrar um trabalho profissional, mostrar conhecimento profissional e organizacao profissional. Uma apresentacao profissional e um preparo profissional. E como alguem vai poder fazer isso?

Eu admito, eh impossivel alquem ter todas essas qualidades. Eh por isso que uma editora, uma revista, eh feita por varias pessoas. O setor administrativo faz o seu trabalho, a editoria faz o trabalho deles, e voce, como autor, tem que saber fazer o seu.

ist2_6456892-boy-holding-word-learn E parte do seu papel envolve estudar mais e conhecer mais.

Admito (alias, admito varias vezes nesse texto) que eu tambem fiquei deitado na rede por muito tempo. Nao estudei quando devia, mas acho que nao estava tarde quando eu voltei pros livros. Alias, foi no tempo certo.

Hoje o meu japones eh dez vezes melhor que era a nove anos atras, e finalmente eu posso ler os livros didaticos sem dicionario. Isso ajuda.

Tudo o que eu aprendi sobre o metodo japones eu pretendo colocar aqui, nesse blog, em doses pequenas, mas generosas. E nao pense que voce vai ter mais do mesmo, que existe por ai aos montes. Sao informacoes valiosas, que se nao mudarem o seu jeito de ver as suas proprias historias, podem vir a ser util para voce criar as proximas. E mesmo quem nao cria quadrinhos, vai ler com outros olhos o material que os japoneses criam.

E pra isso, eu estou desenvolvendo uma historia e me dando um objetivo.

Primeiro, a historia. Ela vai ser o basico do basico, porem, planejada pra ser divertida de ler e, talvez nao tao original, mas visando mostrar as possibilidades de criacao dentro de uma historia qualquer.

jO Objetivo? Vou levar a historia pronta para ser vista por um editor da Shonen Jump, na Shueisha, em Toquio. E lah, ter os meus erros apontados, ver o quanto eles julgam o material publicavel, e quem sabe, conseguir um lugar ao sol ou na sombra que o legado da revista traz.

Claro que eu quero que o editor me convide pra um cafe, pra conversar melhor sobre possibilidades e tal, mas mesmo que ele soh me aponte erros, jah vai valer cada centavo e cada segundo gasto.

E com o conhecimento passado, eu espero que pelo menos um ou dois leitores mais espertinhos saquem alguma coisa a mais e desenvolvam algo novo. Quem sabe esse nao seja o primeiro passo do verdadeiro quadrinho brasileiro?

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PS: Nao, eu nao desisti de publicar pro Brasil! Se tiver algum editor interessado, podemos tomar esse cafe. No momento, virtual, claro!

3 comentários:

  1. Q interessante!! Gostei isso! Sabe aqui é brasil não tem mais forças para ampliar os novos caminhos ao nós. " apenas ignoram" *suspira*
    Là no japão tem caminhos abertos, ( cursos de mangás, etc...). Até muitas profissionais mangakas tentam conseguir nas editoras japonesas como BAKUMAN. affff... q facada na vida!

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  2. Pois eh Ju, eh triste, mas algo tem que comecar. Infelizmente, eu nao sou um cara de lideranca, nao sou um administrador e nem um empreendedor. Porque eu gostaria muito de ter a chance de participar dessa criacao. Mas se tiver uma pessoa esperta de levar isso adiante, pode ter certeza. Nao tem como nao dar certo.

    O Brasil tem muitos talentos, mas que morrem latentes. E isso eh culpa do mercado, dos profissionais e dos oportunistas.

    O mercado estende a mao esperando o ouro e nao arregaca a manga pra lapidar os talentos. Os profissionais aceitam isso. E os oportunistas incentivam, ensinando a "fazer quadrinhos" sem ensinar a fazer historia, que eh muito mais importante.

    Mudando de assunto, eu atrasei a primeira parte por causa da minha viagem. Soh tenho tempo pra escrever textos longos de final de semana... Mas to fazendo aos poucos. Aguarde

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  3. Fabio, concordo com você quanto diz em buscar um estilo nacional. Acho que como autores de quadrinhos devemos nos mirar no exemplo de Oswald de Andrade e sua antropofagia cultural e fazer o mesmo com os quadrinhos, devemos nos esquartejar os quadrinhos americanos, europeus, coreanos e japoneses para alimentar nossos quadrinhos com a melhor parte desses estilos e somar com a nossa cultura.

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