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16 de nov. de 2011

Terminou seu roteiro, que tal checar algumas coisas?

Concurso02Yo!

Depois de meses de hiato, vou aproveitar um tempinho aqui pra postar mais algumas coisas sobre roteiro.

Com o anúncio do concurso de Novos Talentos da Ação Magazine (patrocinado pela Copic Brasil) pipocou gente fazendo quadrinhos. E eu vou ser um dos julgadores das histórias, por isso queria aqui dar umas dicas do que eu acho mais importante em qualquer história, independente de qualquer outra coisa. Acho que isso é muito interessante, mesmo pra quem não for fazer nada pro concurso. E pra mim, vale pra alimentar uma discussão sobre direção e roteiro.

Em duas versões, a versão “pra estudar pra prova”, resumido, e o texto completo, pra quem tem paciência pra mim.

 

________Versão resumida______________

Com o anúncio do concurso de Novos Talentos da Ação Magazine (patrocinado pela Copic Brasil) pipocou gente fazendo quadrinhos.

 

Umas dicas do que eu acho mais importante em qualquer história

-Suas quatro primeiras páginas. Sequestre seus leitores até a página 4!

-Seus personagens. Os leitores sabem como chamar cada um dos personagens importantes desde o começo?

-O início da trama. Qual o fato que tira os personagens de um ambiente cotidiano?

-O tempero. Duas ou mais cenas que sobrem na memória do leitor no final ajudam a tornar sua história mais interessante.

-Clímax. Seu protagonista é o centro dele? E esse clímax é forte?

-Resolução. Não faltaram dúvidas?

-Visão geral. Verifique principalmente momentos em que sua história varia.

 

Seu final ruim não é um final errado. Muitas histórias ótimas fecham perfeitamente com um “Bad Ending”. Outra forma é trabalhar uma certa compensação pela tristeza, ou conformar o público de que o pior é necessário.

Não sabemos quem é que manda na sua história? Pra que um personagem é chamado de PRINCIPAL?

Quer explicar trocentas idéias? Tudo além do necessário pra entender a história é, obviamente, desnecessário.

Clímax significa o ponto mais forte de sua história. E não existem dois clímaxes.

Objetividade é tudo. Se for do tipo que perde o foco fácil, escreva grande em um papel e cole na sua frente.

 

Isso não é o caminho de ouro para o roteiro perfeito!

 

Boa sorte a todos os concorrentes!

 

_____________Agora, a versão completa_______________________

 

NarutoQuando você termina um roteiro, principalmente quando você é iniciante ou faz mais por “feeling” (desaprovo, mas falo disso depois), a reação é de uma mãe depois do parto. Limpa o suor, solta um sorriso cansado e olha com todo o carinho pra essa coisinha linda que saiu de você. É muito orgulho! E isso é positivo, você tem que amar o que faz, ainda mais em um trabalho desses. Mas esse seu filho vai sair dos seus braços e em pouco tempo vai estar nas mãos de outros, sendo julgado, humilhado, adorado ou ignorado. O mundo vai ser tudo que puder ser contra ele, menos o que você espera em seus sonhos mais esperançosos.

Por isso, temos que ser duros com as histórias que criamos. Ignorar o coração e ser analítico. Ainda mais quando você vai lidar com alguma (qualquer uma) mídia popular. Você pode inventar a roda e ela ser muito bonita, mas vai lidar com gente que anda de carro desde que nasceu. Não adianta ser muito inventivo se isso não lhe render um público.

Dito isso, repito algo que sempre digo quando falo sobre roteiros. Não existe fórmula, não é bolo pra ter receita. Mas alguns cuidados podem tornar sua história muito mais fácil de ler. E o que isso significa? Que suas ideias serão muito mais difundidas, compreendidas! E mesmo o mais udigrudi nojento que existe quer, lá no fundo, que as pessoas o entendam, mesmo que só algumas.

Por isso, pensei em um check list básico de roteiro, do que ver depois que terminou uma história, pra não esquecer de nada que no final, você vai voltar e falar “poderia ter sido mais claro”. Vamos ver?

 

OnePiece-Suas quatro primeiras páginas. Elas são cruciais. Um leitor médio costuma ler no máximo 4 páginas até decidir se vai ler ou não sua história. Se estiver chato, elas pulam, fecham a revista, vão jogar videogame. E nisso, você pode ter perdido um leitor em potencial. Não importa como, mas sequestre seus leitores até a página 4! E ai, não importa mais se sua história é boa ou ruim, eles lerão até o final. Isso vale até em outras mídias. Em cinema, são os dez primeiros minutos. Na TV, cinco minutos. Em livros, dez páginas (supoe-se que leitores de livro já gostam de ler com frequencia, mas daria duas páginas se pensar em um público mais amplo).

Nana-Seus personagens. Você os apresentou? Os leitores sabem como chamar cada um dos personagens importantes desde o começo? Sabe diferenciar um do outro, pode reconhecer alguma nuance, jeito de falar… se for mais exigente, o leitor consegue saber quem é seu personagem por alguma decisão, ou seja, ele já percebe o caráter dos personagens?

-O início da trama. Ficou claro o que dá a acelerada na história? Qual o fato que tira os personagens de um ambiente cotidiano, comum (dentro da realidade de cada história) e o joga em uma trama que valha ser contada? Se seus leitores não reconhecerem essa mudança, pode ser que sua história esteja muito monótona ou que sua trama talvez precise de mais um ou dois níveis.

-O tempero. Você criou pelo menos dois bons momentos até o clímax? Duas ou mais cenas que sobrem na memória do leitor no final ajudam a tornar sua história mais interessante, e te obrigam a tornar ela mais agitada. E é o que o leitor quer. É como jogar uma pimenta e alguma erva em seu jantar, pra tornar aquilo que já é bom em algo um pouco diferente.

Hagaren-Clímax. Seu protagonista é o centro dele? É ele quem desenvolve a cena mais importante da história? E esse clímax é forte? Mexe com o leitor? Seja satisfazendo, traindo, tanto faz, mas seu protagonista precisa estar fazendo algo que faça o leitor voltar toda a história e saber que aquilo é a resposta final, seja ela o que for. E por que precisa ser o protagonista? Porque senão, ele deixa de ser o centro da história. Conduza como preferir sua história, mas sempre, SEMPRE, deixe o clímax para o personagem que julga ser o protagonista, e todos saberão disso.

-Resolução. Não deixou pontas soltas? Não faltaram dúvidas? Seu leitor não vai sentir falta de alguma coisa ao terminar de ler? Existem sempre dois tipos de final. O final bom e o final ruim. No final bom, o leitor se sente preenchido, sabe que no final, tudo deu certo. E o final ruim é aquele que deixa o leitor com um gosto amargo na boca, achando que o mundo é injusto. Este tipo de final costuma ser pouco popular. As pessoas não gostam de se sentir mal no fim de um filme ou de uma leitura, mas mesmo sendo ruim, não é errado. Use com sabedoria.

-Visão geral. Olhe tudo de novo. Parece coerente? Os personagens parecem tomar decisões condizentes? O tom de sua história, seja de comédia, terror, suspense, drama, se mantém? Verifique principalmente momentos em que sua história varia, como uma cena engraçada em um drama, ou uma cena de morte em uma história relativamente feliz. Voltando ao exemplo culinário, você pode fazer um tempero agridoce para uma carne, ou apimentar suavemente um doce (bons chocolates levam pimenta na receita às vezes), mas se você deixar completamente doce uma picanha ou salgar um bolo, a reação mais comum é a de acharem seu prato ruim. Coerência é tudo se você quer dialogar com um público.

 

Seguindo esse check list, sua história pode ficar muito melhor. São coisas bobas, mas que até mesmo profissionais com anos de estrada erram por muitas vezes. Claro, como eu disse, isso não é o caminho de ouro para o roteiro perfeito, é mais como uma forma de repensar sua história.

Alguns pontos:

HotaruSeu final ruim não é um final errado. Muitas histórias ótimas fecham perfeitamente com um “Bad Ending” e poderia citar milhares, desde Romeu e Julieta até Hotaru no Haka, mas você tem que saber balancear de alguma forma, pra não deixar seu público achar que seu trabalho é algo que lhe causa algum mal. Por exemplo, Hotaru no Haka, clássico da Ghibli, foi lançado junto com o extremamente alegre Tonari no Totoro, passando um depois do outro na mesma seção, evitando um fiasco comercial de Hotaru no Haka, que poderia ser causado por espectadores que saissem do cinema tristes demais. Sem contar que isso seria de certa forma um spoiler pros próximos na fila. Outra forma é trabalhar uma certa compensação pela tristeza, ou conformar o público de que o pior é necessário.

Protagonismo é um problema que ataca a maior parte dos roteiros amadores que já vi. Não sabemos quem é que manda na história. E mesmo no clímax, acabam jogando outro personagem pra resolver a história. Então, pra que um personagem ser chamado de PRINCIPAL? Trate o anfitrião como o centro da festa e mesmo que outros personagens tenham alguma importância, nunca esqueça de deixar o momento mais importante pro protagonista. Isso nem é regra, é bom senso.

Todo mundo que pensa em uma história logo quer explicar trocentas idéias. Mas tente sempre ser objetivo. No final, a maior parte dos leitores mal vai lembrar de todas as suas idéias brilhantes. Se foque em uma ou duas, e ainda assim, tente ser sempre dinâmico. Tudo além do necessário pra entender a história é, obviamente, desnecessário. Então corte.

Clímax significa o ponto mais forte de sua história. Talvez não o mais importante, mas o que vai causar o maior impacto. Ele não fica perto do fim à toa. Depois dele, só tem espaço pra resolver algumas pontas menores e dar tchau. E não existem dois clímaxes. Se dois pontos são os mais fortes, um deles é automaticamente menos forte que o outro e mesmo o que vencer terá menos força do que poderia ter.

Objetividade é tudo. Saiba o que quer contar e como quer contar. Se for do tipo que perde o foco fácil, escreva grande em um papel e cole na sua frente. Por exemplo, você quer um drama de superação pessoal, então tenha isso na sua cabeça o tempo todo ou deixe isso à sua vista.

 

E com isso acabamos. Boa sorte a todos os concorrentes! Estamos esperando o melhor de cada um de vocês.

_______________________________________

 

Extra, porque é legal.

A versão resumida teve duas finalidades. A primeira, é ser fácil de imprimir e deixar em algum lugar, pra consultas esporádicas. A outra é ajudar quem tem medo de texto longo. Já faço as marcações em negrito pra facilitar uma leitura corrida, mas sabe… anda muito dificil hoje em dia, pessoal que não lê e te faz pergunta depois.

 

Pode ser só uma opinião pessoal, mas eu sou completamente CONTRA quem diz que escreve por “feeling”, que deixa a natureza o guiar, que os “personagens constroem a trama”. Se me falar que “A Arte (com maiúsculas) precisa ser espontânea” eu espontaneamente ignoro a partir daí. A chance de essa pessoa ser um gênio que realmente consegue fazer coisas interessantes a partir disso é mínima, e mesmo que seja, se Leonardo da Vinci fazia rascunhos, não é Joãozinho “desenho desde os sete” que não vai precisar de base. Pra mim, é desculpa de gente preguiçosa. Digo isso de experiência, porque nas vezes em que me deparei com esse tipo de gente, eram sempre pessoas sem vontade de se esforçar pra nada, que acham que vão viver de arte e ganhar rios de dinheiro pra fazer uma obra hoje e outra daqui a dez anos.

Por isso, sou a favor de que todo mundo seja sempre analítico com seu trabalho e adoro quem tem vontade de aprender, de ler mais sobre seu oficio, de entender como outras pessoas fazem e de fazer, sempre. Eu gosto de ver a fome de crescer nos olhos de qualquer um, seja ele uma criança ou um velho, porque quando você achar que sabe tudo que precisa saber, você chegou ao seu próprio topo. E ninguém mora no topo. Então, se não há mais para onde subir, só te resta descer.

10 comentários:

  1. gostaria de expressar meus mais sinceros elogios por essa matéria. ela está me ajudando muito mesmo, principalmente na parte em que você fala a respeito de quem escreve por feeling. eu costumava fazer isso, e não era exatamente preguiça. eu sempre desenhei muito e no passado eu não sabia que uma história tinha que ter um roteiro, então eu me habituei a desenhar as histórias direto, sem roteiro. hoje eu vejo o quanto é importante uma análise preliminar da obra.
    grande abraço.

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  2. Acho apenas que as coisas funcionam de jeitos diferentes para cada pessoa.

    Stan Lee disse uma vez "Se você trabalha com desenhistas ou escritores famosos, a melhor forma de fazer eles trabalharem tendo o melhor resultado possível, é deixar eles fazerem do jeito deles"

    Não existe um "jeito certo" ou um "jeito errado" existe um jeito único de cada um.

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  3. Concordo completamente com a Nisai . Eu escrevo com roteiro e storyboard ,mas admiro as pessoas que conseguem fazer os personagens se moverem.Eu,infelizmente uso do storyboard para organizar minhas idéias,mas tenho amigos que criam histórias e sabem lidar muito bem com elas pelo tal chamado feeling.

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  4. Quis dizer talentosos lol Totalmente sem querer, desculpe.

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  5. Curti bastante a matéria, vou usar essas dicas no meu roteiro, aguarde!

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  6. Concordo plenamente com os comentários acima.
    Cada um tem seu método de trabalhar, falo isso por experiência própria, e conheço muitas pessoas que trabalham desse modo, como dito ali em cima na citação do mestre Stan lee, que chegou onde esta hoje trabalhando com humildade e inspirando a todos.
    Eu mesmo tenho meu método de trabalhar, umas vezes utilizo names outras não. Cada artista tem o seu estilo, se o seu jeito não condiz com o do outro, não quer dizer que o do outro é preguiça ou é errado.
    Se o outro consegue um resultado final bom, é o que realmente importa.
    Como eu disse, cada um tem seu método. Seu julgamento foi um tanto incerto.
    Essas "regras" foram feitas para ajudar e guiar as pessoas, não é obrigatório usá-las.

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  7. Nisai,

    Eu sei que cada um tem seu jeito de trabalhar, mas o que eu reclamo é das pessoas que fazem, jogam no mundo e acham que tá bom desse jeito. Depois, recebem críticas e ficam falando que não são entendidas. A palavra arte virou escudo pra fugir das responsabilidades de um comunicador, alguém que fala com um público. E cuidados são sempre bons, tanto pra quem faz como principalmente, pra quem for ler depois. Não custa nada revisar.

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  8. Valew o post!É sempre bom aprender mais coisas. :D
    Na real eu concordo com vc, roteiro é 5% inspiração e 95% transpiração (pra usar um ditado bem jacu). Se não fosse assim não seria profissão, seria atração de freak show hehehe (costumo dizer isso pra quem acha que desenho é 'dom' também).

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  9. Quando minha série sair ela só vai ter esse final "ruim" e que ninguém gosta.hahahaahha.não sou chegado em finais felizes............

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  10. realmente concordo com seu jeito de avaliar a arte, especialmente em quadrinhos, estou correndo atrás dos meus sonhos, já consegui te encontrar no fest comix kk, espero que tenha gostado da minha obra, suas críticas são realmente positivas para desenvolver enredos que prenda leitores!

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