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10 de jun. de 2010

Guerra contra a pirataria

ironia, a mais pirateada Yo!

Essa semana, uma união de editoras japonesas e americanas declarou publicamente guerra aos sites de scanlators, os tradutores digitais de manga. Sua intenção é acabar com esse tipo de site, que organiza e distribui centenas de títulos do acervo delas, aparentemente de forma gratuita.

Mas o buraco é mais fundo do que parece.

Já faz um tempo que as empresas japonesas mostram que estão insatisfeitas com a situação da pirataria na internet. Pra lembrarmos de fatos recentes, temos o apelo que a Shonen Jump publicou em sua nota para leitores, na última página e a Kodansha, que iniciou uma busca por piratas de seu material.

Naruto, numero 1, na net e no mundo Somando as duas editoras apenas, nós teríamos simplesmente a maior parte do material que é pirateado. Elas são responsáveis pelos sucessos de One Piece, Naruto, Bleach, Hajime no Ippo, Tenjo Tenge, Fairy Tail, entre outros.

Mas não podemos esquecer que no Japão, praticamente toda editora grande participa de um conglomerado maior, como é com a Shueisha, Shogakukan e Hakusensha, da Hitobashi Group, a Media Factory, Square/Enix e Kadokawa, da Kadokawa Group. Então, mesmo que sejam apenas um grupo formado de grandes empresas e suas representantes americanas nessa investida, podemos ver ai praticamente todo o mercado editorial japonês, em peso.

Verdade seja dita. Até a decada de noventa, as editoras japonesas não viam o menor interesse em investir em solo estrangeiro. De lá pra cá, muita coisa mudou. Hoje, o próprio governo japonês considera a cultura pop um material de exportação de alto nível. E as editoras já estão há uns anos, pensando em um jeito de se aproveitar finalmente dos lucros de fora de sua área de influência.

livraria coreana, no Japão, não pode sentar no chão Os mangás tem um mercado forte e consolidado na Ásia, onde o Japão tem parceiros fortes. A Coréia do Sul, Tailândia e até mesmo a China, veja só, são considerados de baixo risco. Porque os mangás, apesar da pirataria, vendem. A China em si, é um caso a parte, já que o uso de material falsificado é institucionalizado no país, o comunismo não abriu as portas ainda para os direitos de criação. Podemos dizer que os chineses, mesmo lendo muita pirataria, ainda compram. De verdade.

Não parece o caso dos EUA ou até mesmo de nós, brasileiros, onde o mercado retraiu mais.

Todos que leem scan sabem o porquê. Ou não?

Os scans nasceram do desejo de partilhar, tão comum no ambiente virtual. Todos partilhamos com gosto tudo o que não nos doi pela rede. Músicas, revistas, filmes, piadas, até mesmo nossos pensamentos, em 140 letras. Isso faz parte da vida na internet, desde que eu entrei pela primeira vez no Brasil Online, quando a internet só funcionava via DOS.

A própria ideologia do scan já havia nascido dos fansubs, que traduziam animes e vendiam a preço de custo para outros fãs. Com o barateamento dos scanners e a consistência dos novos sensores, mais toda a maravilha do Photoshop, ficou fácil colocar os mangás, que todos sonhavam, para partilhamento.

Por um tempo, isso foi a realização anarquista definitiva de todos os nerds e não-nerds, que juntos, puderam ler e assistir à quase tudo que queriam, em primeira mão. Mas em mundo capitalista, tudo de graça significa somente que alguém não está ganhando.

google, alimentando os pobres Logo, os sites surgiram, distribuindo de graça os mangás, mas lucrando em cima de propagandas, como as da Google Ad. A própria Google noticia que os sites de distribuição de mangás estão entre os 100 mais visitados, o que deve gerar uma receita muito boa, mesmo que só da publicidade.

Muitos ainda pedem contribuição, para comprar seus mangás, que são destruidos para poderem ser escaneados. Aqui, não podemos estipular o ganho médio deles, mas uma vez, lembro de ter visto um tradutor que agradeceu os leitores que depositaram ajuda para ele, em um mês, “suficiente para comprar duas coleções completas”.

Não vou ser hipócrita, muitos agradecem mesmo poderem ler seus mangás. Mas pagar a eles, por menor que seja a quantia, é pagar pela pirataria.

Dai podemos ver o que as editoras perceberam.

Existe, entre os verdadeiros amantes de quadrinhos, o apego pelo papel, que muitos gostam de frisar. Nada como ler no papel. Mas muitas pessoas, principalmente a nova geração de leitores, se acostumou tanto com os scans que praticamente não leem quadrinhos em papel.

iPad, alternativa, talvez outro dia E, talvez seja verdade, estamos caminhando num futuro onde a midia impressa deve dar lugar à midia virtual, seja pelo iPad, irreal num universo tupiniquim, onde já matam por um tênis sujo, ou pelo celular, mais possível, não fosse o problema da tela minúscula.

No Japão e nos parceiros asiáticos, os quadrinhos para celular já fazem parte do cotidiano. Não são lidos como os quadrinhos de papel, como as antologias semanais ou os tankohons. Eles são vendidos para um outro tipo de leitura, valendo de ser o formato mais portátil e de estar sempre em mãos, ao alcance de qualquer download em 3G.

Mesmo o formato para internet caseira, PSP, PS3, e recentemente, para TVs digitais com acesso, têm conseguido números sólidos, que apontam talvez não uma mudança de mercado, mas uma nova fatia a ser explorada.

Não é à toa que os japoneses estão investindo nisso. O formato digital tem dado dinheiro!

E por que dar esse dinheiro para pessoas que não pagaram a produção, não se envolveram no desenvolvimento, e nem repassam os lucros para os autores? Mesmo na visão mais suja disso tudo, eles têm os direitos legais de distribuição do material!

yen press, sem mercado A Yen Press parece estar voltando seu material, que inclui produções próprias e material japonês, para o mercado virtual. A Shueisha/Shogakukan já tem uma empresa que trabalha hoje na digitalização de seu acervo e adaptação para novas mídias. A Kodansha também já vem montando muito nesse sentido nos sites das revistas.

Esse ataque aos pirateiros tem um motivo e uma bandeira. Eles estão finalmente tentando aportar na ilha da internet! Quer queiram ou não, daqui pra frente, a internet vai ficar cada dia mais paga, e se a tendência for mundial, o nosso dia vai chegar.

Jornais já pensam em fazer versões pagas, abandonando o papel. Empresas como a DMM, BeeTV, e as versões japonesas do Yahoo! e MSN já dispoem muito material, em video, conteúdo e até quadrinhos, dando um lucro incrível no Japão.

DMM na TV, com qualidade Bluray, e com a Chiaki Kuriyama de Kill Bill, fazendo propaganda E quem pensa em fugir para o Torrent ou IRC, as provedoras no Japão já foram instruidas a colocarem bloqueios. No momento, é mais para protocolos de P2P, mas mesmo o torrent já vem sendo pesquisado. Enquanto eu vivia no Japão, usar programas de torrent cortava a velocidade do meu acesso, praticamente travando. Precisava resetar o modem!

E existem casos onde a provedora mandou carta para o assinante, dizendo que a lei não permitia o uso de programas de partilhamento. Caso isso estivesse ocorrendo sem o conhecimento, seria um aviso. A provedora mesma deixava claro nessa carta: se for reconhecido o uso recorrente, a Polícia deve ser informada e a empresa não se responsabiliza.

Esse cenário existe, exatamente de onde vêm os mangás que vocês leem. Da mesma forma que algum dia, alguém lhe trouxe os mangás, algum dia alguma empresa trará essa realidade.

5 comentários:

  1. Eu admito, eu leio Scans, é uma forma de fazer um controle de qualidade, entende? Na maioria das vezes eu prefiro comprar pelo ebookjapan ou coisa que o valha, mas não é sempre que eu encontro o que busco por lá... O Dmm.com tem uma variedade incrível, mas parece que eles bloqueiam o sistema para que só seja possível fazer compras direto do Japão. E a grande verdade é que muito pouco dos títulos licenciados por aqui realmente me interessam.

    Tinha um site que estava disponibilizando episódios de Captain Harlock e Galaxy Express 999 para comprar e assistir pela internet, mas novamente, era uso restrito do território americano, eu não posso comprar acessando do Brasil por motivos de licenciamento. É claro, eu estou sempre importando mangás da Europa, mas isso custa uma fortuna e eu tenho que dar prioridades a alguns títulos. É claro, sempre que eu leio algum mangá na internet e gosto, eu faço questão de comprá-lo, nada mais justo. No entanto, se você tem vontade de conhecer uma determinada obra e ela está ali, disponível pra você, sem nenhum custo adicional, dificilmente eu resistiria a baixar. Falando sério, acho que hoje em dia é utopia pensar em um Brasil sem pirataria, não apenas de mangás. Quantos HiPhones e coisas do tipo a gente não vê por aí? Acho difícil que algum projeto de lei consiga controlar o que as pessoas andam comprando pelo menos nos próximos dez anos.

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  2. Danou-se! :0
    salve-se quem puder ou salvem o que puder!

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  3. pUXA VIDA fÁBIO VALU POR ABRIR NOSSO OLHOS E GOSTARIA DE DIZER QUE LEIO OS SCAN MAIS COMPRO MANGAS DAS EDITORAS



    MAS DE QUALQUER JEITO FERROU-SE TUDO!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. Seria o fã destruindo aquilo que mais gosta???

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  5. eu baixo mangás e não vejo problemas algum nisso, talvez seja problemático la nos EUA e Europa onde o mercado é bem maior, mas o Brasil é um mercado insignificante para as editoras japonesas e diferente dos demais.
    aqui geralmente quem compra os mangás são pessoas que já viram o anime ou leram o mangá atravez da internet pessoas que se tornaram fãs desse tipo de mídia justamente por causa da pirataria.
    se não existisse os mangás e animes disponíveis ilegalmente na internet provavelmente o mercado de mangás aqui seria muito mais pequeno ou provavelmente nem existiria.
    eu mesmo dificilmente iria comprar um mangá de que eu nunca ouvi falar na minha vida, quando eu compro um mangá quase sempre é porque já sou um grande fã e gosto da serie assim como acho que quase todo mundo deve fazer.

    não sei qual seria a melhor saída para essa situação, mas essa batalha das editoras contra os scanlators é algo inútil pois sempre vai haver outras pessoas para disponibilizar o material, está na hora das editoras se adaptarem ao publico mesmo que isso seja menos vantajoso do que era antes.

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