Não sei se é masoquismo, identificação, mas sempre que vejo esses mangás documentário sobre a vida de um mangaká fora da alta roda, fico interessadíssimo!
Esse aqui também me deixou com vontade de ler.
“Guragura na Shakai to Guragura na Boku no Mangamichi”, de Shigeyuki Fukumitsu (aliás, o sobrenome dele torna as coisas mais engraçadas. Fukumitsu significa felicidade plena) é um livro compilando diversos mangás curtos e tirinhas que o autor publicou em diversas revistas e websites, falando de sua vida sofrida como mangaká de terceira divisão.
O título pode ser traduzido como “A sociedade imprevisível e a minha vida de mangá imprevisível”, colocando em poucas palavras o sentido da publicação.
Todos que ouvem do Japão, imaginam que todo mangaká é um milionário sem tempo pra nada. Mas isso é uma pequena parcela bem sucedida. O segundo escalão, gente que publica em revistas menores, sofre pra pagar os assistentes, corre contra o tempo pra fazer suas páginas, já ouvi até de alguns terem que trabalhar com a luz cortada, por falta de pagamento!
Agora, o terceiro escalão, o dos temporários e artistas de fill, que preenchem vagas e espaços de página, esses são os pau-pra-toda-obra do mangá! Pessoas que nunca pegam espaço pra séries longas, têm pouquíssimas páginas nas séries que conseguem e não têm nenhuma mordomia. Assistentes? Eles estão abaixo deles.
Fukumitsu começou a carreira tentando espaço na Shonen Jump, como muitos (eu incluido). Desistiu, se decepcionou e quando ia largar os mangás, tentou a Garo, revista alternativa de mangá. Conseguiu vencer um concurso, mas não teve trabalho aprovado pra publicação. No meio do período, a Garo entrou em recesso… Se bandeou pra Young Magazine, onde publicou por um tempo, mas perdeu sua confiança e chegou a desistir do mangá.
Voltou a publicar, em revistas menores, menores mesmo, incluindo material erótico. Depois de cinco anos como profissional dos quadrinhos, ele finalmente alcançou algum sucesso e publicou seu primeiro tankohon, compilando as histórias de “Boku na Shoukibou na Shippai”, falando de sua vida sofrida. Aliás, esse é o principal assunto de todos os seus mangás, que sempre estampam sua cara deprimida na capa.
Hoje ele publica em diversas revistas, como a bíblia dos games, a Famitsu, no antigo lar de Lobo solitário, a Manga Action, no paparazzi SPA! entre outras. Ele teve até uma figura de um personagem seu. Mas, como era de se esperar, não foi dele mesmo, foi de sua esposa… O escultor fez uma dele também, mas não pra venda, talvez por pena…
O título de seu mais novo mangá faz paralelo ao mangá de Fujiko Fujiyo A, Mangamichi, um clássico lido por todo aspirante do ramo, contando como ele e seu parceiro viveram duro pra realizar seu sonho.
Fukumitsu finalmente deve estar vivendo decentemente, mesmo que tenha levado treze anos pra publicar 15 tankohons, compilando trabalhos espalhados em várias revistas. Mas realmente, ver o underground, o lixo por trás do brilho cegante da industria mainstream reaviva a identificação com os artistas japoneses, que nós, em nossa ignorância, achamos que estão distantes de nossa realidade de um mercado segregador.
Se aqui temos a cultura do não-ler, lá, nós temos a cultura do leio-demais, apagando os pequenos trabalhos e autores alternativos.
FONTE: Comic Natalie
Pior que ele desenha uma cara que dá uma pena mesmo... XD
ResponderExcluirHey os mangas dele são meio estranho naum!!
ResponderExcluirGostei do Estilo "tô nem aí".
ResponderExcluirNem tem como comparar a situação do japinha com a do Brasil: Enquanto lá ainda tem um mercado pras revistas "udigrudi", aqui num tem mercado nenhum. A não ser para alguns editores "espartalhões" que não dão crédito nem pra desenhistas, nem pra roteiristas e nem pagam os royalties que estes tem direito. Será que esta situação vai ser pra sempre?
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